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domingo, 9 de outubro de 2016

A GRANDE APOSTA (The Big Short) EUA, 2015 – Direção Adam McKay – elenco: Christian Bale, Steve Carell, Ryan Gosling, Brad Pitt, John Magaro, Melissa Leo, Marisa Tomei, Hamish Linklater, Jeremy Strong – 130 minutos 


Este grande filme faz com que o espectador passe a admirar muito três pessoas: A primeira é Michael Lewis, que lançou em 2010 o livro homônimo que originou o filme. O escritor tem a capacidade invejável de pegar um assunto complexo como a bolha de crédito no mercado imobiliário norte-americano que provocou a crise de 2008 e transformá-lo num relato empolgante. A segunda é Adam McKay, o diretor que conseguiu quebrar a complexidade do tema introduzindo sacadas engraçadas, ancorado no recurso de fazer os personagens às vezes falarem ao espectador, olhando para a câmera. McKay demonstra imensa habilidade ao transformar a sopa de letrinhas do mercado imobiliário em um verdadeiro turbilhão de referências e críticas à cultura pop e ao american way of life, como poucas vezes se viu no cinema norte-americano nas últimas décadas. O diretor consegue fazer uso de um humor ácido, quase satírico, explorado com bastante dinamismo e irreverência, para tratar de um assunto muito sério, porém sem nunca ser enfadonho ou gratuito.  A terceira é Steve Carell, que interpreta o agente financeiro Mark Baum, um dos que apostam contra a estabilidade do mercado para tentar se dar bem na crise. O ator compõe um personagem histérico, “pilhado” e inesquecível. É o profissional com anos de trabalho cuja experiência não conseguiu lhe preparar para uma realidade como esta que se anuncia.


O elenco é magnífico. Além de Carell, destaque para Christian Bale que está soberbo como o gênio matemático esquisitão e incompreendido Michael Burry, no qual ninguém acredita, mas o primeiro a prever o colapso, consegue ver antes de todos o amanhã nebuloso que se aproxima. Passa os dias trancado em sua sala, analisando números enquanto escuta heavy metal no volume máximo. Ryan Gosling é o yuppie que segue a onda, indo de um lado a outro conforme a maré. Quase como um mestre de cerimônias, ele é a figura central que guia o olhar da audiência pelos meandros da discussão. Brad Pitt brilha como Ben Rickert, um investidor recluso e cheio de manias tirado de uma aposentadoria precoce por dois jovens corretores que esbarram na chance de apostar na bolha das hipotecas. Ele é o desiludido que entende melhor do que qualquer outro as engrenagens em ação, mas nem por isso parece inclinado a entrar no jogo. Brad Pitt é o coadjuvante de luxo do filme. Destaque para a trilha sonora rock e nostálgica com Gorillaz, Led Zeppelin e Nirvana. 


O grande pulo do gato de “A Grande Aposta” (The Big Short) é que, à medida que a situação como um todo cresce, o diretor passa a investir mais, e mais, em piadas e gags particulares, extremamente debochadas. Muitas delas são hilárias, como as participações de celebridades para explicar algum termo técnico demais que surge durante a trama – as de Margot Robbie e Selena Gomes são ótimas. É neste ponto que a verve cômica do cineasta vem à tona, usando o sarcasmo não apenas para ajudar a própria narrativa, mas também para cutucar o próprio modelo retratado. Não é à toa que, já na reta final, McKay, espalha o sutil som de risadas em determinadas cenas, como se o próprio contexto risse da armadilha criada para o cidadão comum – e, por que não?, para o próprio espectador. Contundente e incisivo, “A Grande Aposta” (The Big Short) é uma grande radiografia que investiga as razões – petulância, arrogância e desrespeito total ao mercado entre elas – que levaram ao cenário caótico revelado há mais de uma década. É um grande filme que tão bem retrata o modo de pensar do capitalismo selvagem. Ao mesmo tempo, é uma roda-gigante de citações pop nos sentidos mais diversos, muitas vezes usadas como mero deboche, até mesmo às próprias citações. Indiscutivelmente, um dos filmes mais revolucionários e provocadores da atualidade!!!! OBRIGATÓRIO 


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