Content on this page requires a newer version of Adobe Flash Player.

Get Adobe Flash player

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

ZOOTOPIA (Zootopia) EUA, 2016 – Direção Byron Howard, Rich Moore e Jared Bush – elenco: Ginnifer Goodwin, Jason Bateman, Idris Elba, Jenny Slate, Nate Torrence, Octavia Spencer, Shakira, J. K. Simmons, Alan Tudyk, Bonnie Hunt, Don Lake, Rich Moore, Byron Howard, Jared Bush, Raymond S. Persi, Della Saba – 108 min

        AO ABRAÇAR PRECONCEITOS CRIA UMA MENSAGEM SOBRE INTOLERÂNCIA


“Zootopia” é, sem sombra de dúvida, uma das melhores e mais ambiciosas animações do ano. É, na verdade, uma metáfora muito bem construída sobre o mito do sonho americano, onde Juddy, a protagonista coelhinha,  tem sede de provar o seu valor e de tornar o mundo um lugar melhor. Grandes expectativas que logo desmoronam quando ela dá de cara com a dura realidade de uma tão sonhada Zootopia, um lugar democrático onde todos podem ser o que quiserem. Existe um contexto de grandes corporações, violência nas cidades, transporte público superlotado, abusos éticos da polícia. As pessoas se movem entre a casa e o trabalho, os moradores do campo migram para as metrópoles, a publicidade está em todos os lugares e os ícones da música pop se tornam formadores de opinião. Talvez os animais tenham sido a concessão necessária para tornar esta história, de fundo amargo, mais engraçada e palatável ao público infantil. O conflito principal do longa diz respeito ao retorno de alguns animais ao comportamento selvagem de antigamente. A bestialidade, a violência e a lei do mais forte são tratados como um passado aberrante que a civilização tratou de eliminar por meio de leis e da moral. É admirável que o duelo central do roteiro se dê entre determinismo biológico e dinamismo cultural, em outras palavras, entre o que se espera de uma pessoa por sua constituição física, e o que ela é capaz de fazer para além dos moldes da sociedade.


É interessante que o filme explica porque as crianças não deveriam ser preconceituosas, mostrando passo a passo como nascem os preconceitos, passando pela cultura do medo e pelo fantasma da tradição, além do “papel biológico” de cada pessoa na sociedade. Estas discussões são embaladas pelas regras do suspense policial, com direito a uma longa investigação, sombria e cheia de significados, que rompe com o aspecto frenético e episódico que tem pautado as histórias infantis. Merece destaque as referências à cultura pop, as piadas inteligentes e um visual requintado e cuidadoso; evita também padronizar a natureza, explorando todas as oportunidades criadas pela variedade da sua fauna ao respeitar a escala e os ambientes de cada animal. Zootopia é uma fantasia liberal que incentiva tanto a inclusão quanto a discussão, mas não se restringe às questões das políticas raciais, mas também de gênero. Qual a maior dificuldade que Judy tem de enfrentar: por ser da espécie coelho ou por ser uma fêmea? Sutilmente também essa problemática é discutida

 “Zootopia” seria o Eldorado do mundo animal, sede do progresso, oásis do vanguardismo. Mas, como no mundo real, o fictício também guarda uma distância entre expectativa e realidade. E quando Judy consegue se formar na Academia de Polícia, enfrenta o choque de ser designada como guarda de trânsito. Ao topar com Nick, uma raposa ladina, acaba se envolvendo em uma trama que ameaça levar os animais de volta aos tempos primitivos, quando as espécies se dividiam entre presas e predadores.O filme permite vários níveis de leitura. A piada dos ratinhos que descem de um prédio onde se lê “Lemming Brothers Bank” não passa despercebida para quem acompanha o noticiário, mas é menos abrangente do que a ideia de um prefeito leão e de uma vice-prefeita ovelha convivendo no mesmo gabinete. Aponta-se para uma realidade idealizada, mas alguns preconceitos continuam valendo, como a ideia de que funcionários públicos são todos bichos-preguiça. O excelente roteiro é instrumento de uma forte crítica social e discussões importantes que estão em pauta, como o feminismo, o preconceito, a segregação e a inclusão. O que se vê na metrópole é uma falsa integração entre os animais com o fim do predadorismo. O estímulo à reflexão é o grande acerto do filme, em tempos de tanta intolerância, é importante incitar, tanto os pequenos como os adultos a necessidade de respeito às diferenças e à empatia.


Nenhum comentário:

Postar um comentário