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quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

LIFE – UM RETRATO DE JAMES DEAN (Life) Inglaterra / EUA / Alemanha / Canadá / Austrália, 2015 – Direção Anton Corbijn – elenco: Robert Pattinson, Dane DeHaan, Peter Lucas, Lauren Gallagher, Ben Kingsley, Kendal Rae, Drew Leger, Alessandra Mastronardi, John Blackwood, Jason Blicker, Joel Edgerton, Emily Hurson, Kristian Bruun, Allison Brennan, Anton Corbijn, Michael Therriault, Caitlin Stewart, Nicholas Rice – 111 minutos

            A FACE MENOS REBELDE E MAIS ANGUSTIADA DE JAMES DEAN 


O filme retrata os breves meses em que James Dean (uma bela interpretação de Dane DeHaan) se preparava para atingir a fama, em meados de 1954 e 1955. Havia feito somente um filme, “Vidas Amargas”, de Elia Kazan. Estava em vias de estrelar outro, “Juventude Transviada” - mas o papel ainda não era seu. Quem o encontra neste limbo é justamente Dennis Stock (Robert Pattinson), um fotógrafo jovem que também luta por reconhecimento. Ele enxerga logo em Dean uma possibilidade de astro e quer fazer um ensaio fotográfico com ele. Encontra resistência não só junto aos seus próprios chefes, na agência Magnum, como no próprio ator – um objeto difícil de entregar-se às lentes, diante das quais ele emana uma luz própria magnífica e melancólica. A escolha de levar este episódio ao cinema é no mínimo ousada. O diretor Anton Corbijn poderia ter escolhido momentos mais “espetaculares”, como a morte prematura do ator ou sua relação turbulenta com as mulheres. Ao invés disso, preferiu os pequenos momentos íntimos, o tédio dos bastidores, a melancolia na vida de um ator que nunca se acostumou ao sistema de estúdios. Em outras palavras, o roteiro leva às telas os “tempos mortos”, as esperas, os olhares – justamente aquilo que a maioria das cinebiografias teria descartado.


É toda essa relação que o diretor, que começou sua carreira como fotógrafo, tenta mostrar ao resgatar o breve encontro entre os dois personagens, num dos momentos mais mágicos para a fotografia do século XX. O filme mostra a jornada de Stock em Nova York, quando ele registrou as imagens mais emblemáticas do ator, e em Fairmount, lugar em que James Dean cresceu. Com uma dupla de atores em perfeita sintonia, Corbijn investe nos silêncios para transformar o cotidiano em arte, numa pegada reflexiva que exige atenção do espectador. Corbijn demonstra que ambos os personagens eram almas solitárias e faz uma analogia entre a ausência paterna na vida de Dean e a relação de Stock com seu filho. Da vida de James Dean o filme revela principalmente o apego à família, a pressão dos estúdios Warner e as dificuldades em assumir uma persona. Uma imagem um tanto diferente do rebelde sem causa eternizado com seu topete e jaqueta vermelha, que revolucionou o cinema da época justamente por ir na contramão do padrão vigente até então. Enquanto Clark Gable, John Wayne ou Kirk Douglas se impunham de forma altiva e máscula, Dean criou o galã com pose adolescente e blasé.


Cinco meses depois de realizar o ensaio fotográfico apresentado em “Life”, veio a morte trágica. O astro deixou um último filme, “Assim Caminha a Humanidade” (1956), ao lado de Elizabeth Taylor e Rock Hudson, pelo qual foi indicado ao Oscar de ator coadjuvante. Foi a primeira indicação póstuma da Academia de Artes de Hollywood. O filme acerta bastante na ambientação da década de 1950, com roupas, carros e costumes, onde se inserem os pensamentos de Dean sobre a indústria cultural, a fama e a vida. O objetivo de LIFE – UM RETRATO DE JAMES DEAN é muito claro: mostrar os pensamentos profundos e complexos de James Dean, que ficou conhecido por sua rebeldia que representava a juventude da época. Um filme sensível e lento, e de notável reflexão. 


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