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terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

ELIS (Elis) Brasil, 2016 – Direção Hugo Prata – elenco: Andréia Horta, Gustavo Machado, Caco Ciocler, Zécarlos Machado, Lúcio Mauro Filho, Júlio Andrade, Bruce Gomlevsky, Alex Teix – 110 minutos

      UMA VONTADE SINCERA DE HOMENAGEAR UMA GRANDE CANTORA

O filme se inicia com uma canção emblemática: “Como Nossos Pais”, um dos grandes triunfos da carreira grandiosa, porém meteórica, da grande artista. Uma biografia sobre Elis Regina é um projeto de grande responsabilidade, tanto por sua importância na cultura nacional quanto pelo temperamento explosivo e pelo fim trágico da cantora. A decisão de contar a trajetória da adolescência à morte, com uma única atriz no papel principal, adiciona um risco à narrativa. Como dar conta de tantas reviravoltas na carreira musical, na vida amorosa, na relação política com o país? O diretor Hugo Prata faz uma aposta tradicional: destacar os pontos mais importantes de sua carreira. O elenco conta com grandes atores em papéis marcantes. Júlio Andrade está excelente num inspiradíssimo Lennie Dale; Caco Ciocler compõe uma ternura comovente a César Camargo Mariano, Gustavo Machado faz um Ronaldo Bôscoli cínico e perfeito e Lúcio Mauro Filho apresenta um Miéle simples, mas verossímil. A direção de fotografia se destaca com um belo trabalho de Adrian Teijido. ELIS, o filme, possui uma vontade sincera de homenagear a artista. Nota-se um trabalho de pesquisa esmerado por parte de Andréia Horta, que traz trejeitos, sorrisos, risadas e toda a presença física da pequena grande cantora. Não bastou apenas cortar o cabelo parecido e vestir-se igual a ela, a atriz mergulha na personagem e busca a força daquela mulher notável e aparece em cena entregue de corpo e alma. 
Há momentos musicais emocionantes e de grande relevo. Felizmente, em boa parte do roteiro, o melodrama não domina o filme, destacando-se mais o estilo vibrante e “para fora” que caracterizava a cantora que alterou o paradigma inaugurado por João Gilberto e seguido por Nara Leão, dentre outros intérpretes da Bossa Nova. O filme teve alguns pecados que não se pode deixar de mencionar. Em alguns momentos, parecem haver buracos. Como ela chegou daqui até ali? Alguns exemplos: 1. Elis se apresenta num bar pela primeira vez e a plateia aplaude. Na cena seguinte, os produtores do local estão dizendo que “Copacabana é louca por ela”, e que os shows estão esgotados. Como ela cresceu tão rápido? 2. Elis se apresenta com Jair Rodrigues no programa O Fino da Bossa. A plateia está cheia, os aplausos são fartos, mas na cena seguinte o empresário insinua que eles podem ser demitidos pela baixa audiência, por estarem perdendo espaço para a Jovem Guarda do Roberto Carlos. Mas o programa não era um sucesso? 3. A relação entre Elis e César Mariano vai muito bem. Um dia, ele diz que a esposa parece angustiada. Na cena seguinte, acusa-a de beber demais e vai embora. Ora, nós nem víamos a cantora beber. A narrativa também acaba dando ênfase demais no lado pessoal e nos amores da intérprete enquanto ignora fatos importantes como a parceria dela com Tom Jobim, que rendeu o clássico "Águas de Março". Mas apesar de tudo isso, o filme não ficou prejudicado, a transição das fases da vida de Elis Regina foi bem construída e apresenta um espetáculo que merece ser conferido não só pelos fãs, mas por todo aquele que é cinéfilo. 
 

      ANDRÉIA HORTA SE ENTREGA DE CORPO E ALMA NA PERSONAGEM



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