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sábado, 2 de setembro de 2017

MORANGOS SILVESTRES (Smultronstället) Suécia, 1957 – Direção Ingmar Bergman – elenco: Victor Sjöström, Bibi Andersson, Ingrid Thulin, Gunnar Björnstrand, Jullan Kindahl, Björn Bjelfvenstam, Max von Sydow, Folke Sundquist, Gunnel Broström, Gertrud Fridh, Sif Ruud, Gunnar Sjöberg – 91 minutos

UM FILME QUE COSTURA MUITO BEM A REALIDADE COM O DEVANEIO, O FATO COM O SONHO, O ALCANÇADO COM O DESEJO. 


Indicutivelmente é o mais comovente dos filmes de Ingmar Bergman. “Morangos Silvestres” é possivelmente seu trabalho mais carregado de emoção, é uma viagem em torno de si, dentro da própria alma. Ao longo de um único dia, o professor Isak Borg (Victor Sjöström), um velho médico, vai receber uma distinção acadêmica em Lund por seus cinquentas anos de exercício profissional na medicina. Na noite que antecede a viagem, tem sonhos estranhos. Ao acordar, decide ir de carro e não de avião. Leva consigo sua nora, Marianne (Ingrid Thulin), que está separada do marido. No trajeto, reencontra a casa de verão onde passou a infância. Dá carona a uma moça e três rapazes. É um Road movie existencial. 


Junto com “Umberto D” (1952), de Vittorio De Sica, “Morangos Silvestres” é, também, um dos grandes filmes sobre a velhice e um dos mais belos de toda a história do cinema. É um conto que reflete basicamente sobre finitude, num processo de reminiscência com altas referências de seu amadurecimento enquanto ser humano. Com profundidade reflexiva, sensibilidade e fotografia soberba, o filme lida de forma complexa e madura com assuntos densos como a morte, a inexorabilidade do tempo e os legados que deixamos ao partir
É uma obra repleta de ideias e reflexões, mas construída com uma disciplina e um rigor estético invejáveis. Quando Marianne narra para Isak a conversa que teve com o marido, por exemplo, a montagem salta entre planos e contraplanos que ocasionalmente substituem o velho médico por seu filho e vice-versa, indicando como ambos se igualam em seu distanciamento emocional aos olhos da moça. De maneira similar, todos os parentes vistos na casa de verão vestem branco e têm sua conversa retratada de forma dinâmica através dos cortes rápidos, contrapondo-os à presença escura e monótona de Isak. Para completar, Bergman praticamente resume um dos temas principais de seu filme através da imagem simples, mas perfeita, de um relógio sem ponteiros – o que, somado ao som do “tic-tac” que abre a projeção, sintetiza sua preocupação com o tempo que se esgota à medida que nos aproximamos do fim da vida. “Morangos Silvestres” é um filme que mexe com a psique não só dos personagens, mas também do espectador como a grande maioria dos filmes do diretor. É um filme que costura muito bem a realidade com o devaneio, o fato com o sonho, o alcançado com o desejo. Uma verdadeira obra-prima!! Absolutamente essencial e obrigatório!!  


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