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sábado, 3 de fevereiro de 2018

ME CHAME PELO SEU NOME (Call Me By Your Name) Itália / França /  EUA / Brasil, 2017 – Direção Luca Guadagnino – elenco: Timothée Chalamet, Armie Hammer, Michael Stuhlbarg, Amira Casar, Esther Garrel, Victoire Du Bois, Vanda Capriolo, Antonio Rimoldi, André Aciman, Peter Spears – 132 minutos

TECNICAMENTE DESLUMBRANTE, A GRANDE LIÇÃO DO FILME É NÃO TER MEDO DE AMAR


Baseado no romance de André Aciman, “Me Chame Pelo Seu Nome” revive o clima quente no interior da Itália de 1983, quando o jovem músico Elio (Timothée Chalamet, em extraordinária atuação), jovem de 17 anos que passa dias preguiçosos, põe suas convicções sexuais e afetivas em xeque ao se encantar pelo estudante norte-americano Oliver (Armie Hammer), convidado pelo pai do garoto a passar as férias em sua casa. A figura paterna da trama é (bem) interpretada por Michael Stuhlbarg. O roteiro do filme contou com a competência narrativa do aclamado diretor James Ivory (de “Vestígios do Dia” e “Uma Janela Para o Amor”). “Um dia, sentamos Ivory e eu na cozinha da minha casa e vimos que a melhor forma de verter aquele livro do Aciman para as telas seria buscar o nosso ponto de vista mais particular. Não posso te definir tecnicamente essa perspectiva, porque a descoberta de um filme é uma operação intuitiva. As referências e alusões são claras”, diz Guadagnino, que buscou seu fotógrafo na Ásia.


Esse belo e encantador filme tem causado frisson desde sua estreia no Festival de Sundance, em janeiro de 2017, quando já era cotado para o Oscar 2018. Dirigido por Luca Guadagnino, a locação, em união com a fotografia e os figurinos, é responsável pelo clima edílico da fita, um filme solar, veraneio e que evoca a liberdade. Desde sua primeira exibição, “Me Chame Pelo Seu Nome” vem despertando uma enxurrada de prêmios, e pode muito bem arrecadar muitos outros. Timothée Chalamet entrega a performance de uma carreira: corajosa, desenfreada e carismática. É o famoso “se jogar”. O domínio é seu pela maior parte da projeção. Já Armie Hammer dá forma ao objeto de afeto, e o faz com grande competência. Este é o provavelmente seu melhor trabalho nas telas. 


Nesse jogo há uma questão central, a dos dois atores masculinos, o Elio de Timothée indica seus sentimentos aos poucos, oferece pistas, fica em dúvida, recua, e tudo isso é sentido na postura do jovem. Hammer e seu Oliver são de um mistério quase indecifrável, que mostra uma arrogância proposital e dessa maneira se esquiva de seus sentimentos. Esse jogo chega a um momento onde as coisas não podem mais ser evitadas, onde os sentimentos devem ser escancarados, e a entrega física e emocional dos dois atores é impressionante, com um desejo palpável na tela, assim como uma angústia pelo o que pode acontecer após toda aquela entrega. O filme não é só uma história de amor; é, também, uma narrativa de autodescoberta, sendo através de Oliver que Elio aprenderá não apenas sobre o sentimento de entrega absoluta, mas sobre si mesmo – e não é à toa que, ao longo da projeção, ele cria variações para uma cantata de Bach, já que esta exploração musical é um reflexo de sua busca pela própria voz. Seu tesão por Marzia, por exemplo, não é menos real do que aquele que sente por Oliver; tampouco é suficiente, já que vem desacompanhado de todos os demais elementos que tornam o norte-americano único para o jovem.

E isto é algo que não passa despercebido aos que o cercam – sejam estes seus pais, os empregados da família ou Marzia. Aliás, um dos componentes mais tocantes do filme é a natureza amorosa do professor Perlman, que Michael Stuhlbarg interpreta com imenso calor humano e que culmina num monólogo que emociona pela honestidade que denota e pela vulnerabilidade que sugere. Seria reducionista enxergar este grande filme como um romance gay: primeiro, porque ele não assume um viés panfletário; segundo, porque a sexualidade não é tratada de maneira simplista. O que prevalece é o sentimento entre Elio e Oliver enquanto indivíduos, não perante a sociedade. Não se trata de um amor de entrega fácil, pelo contrário, inicia-se com incômodo, tendo momentos de atrito e tardando a consumar-se – sem esquecer uma torturante dúvida. Tudo dentro de uma considerável previsibilidade sobre o que vai acontecer, mas não sobre como vai acontecer. Por exemplo, há uma cena bastante simbólica em que Oliver joga vôlei e interage fisicamente por alguns segundos com Elio. Há algo ali muito mais do que é visível, como linguagem corporal e subtexto. Uma cinematografia arrebatadora num triunfal jogo de encantamento!!!  Delirante, magistral e obrigatório!!! 
INDICADO AO OSCAR 2018, INCLUINDO MELHOR FILME DO ANO, MELHOR ATOR (Timothée Chalamet), MELHOR ATOR COADJUVANTE (Armie Hammer) etc



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